Universitários trocam cursos por trabalhos de Verão em 'discos' no Algarve
Dezenas de jovens portugueses rumam ao sul de Portugal no Verão para fazer dinheiro rápido e de forma divertida: trocam os cursos universitários momentaneamente para venderem sonhos e bebidas nos bares e discos da moda.
O objetivo não é trabalhar para o bronze, mas sim em clubes e discotecas 'in' para pagar propinas, mestrados ou fazer viagens e férias em destinos exóticos.
A maioria são estudantes universitários e chegam de várias partes do país ao Algarve. A ambição traçada passa por ganhar num mês cerca de 2.500 euros. Alguns atingem o objetivo, como é o caso de Alexandre Paixão.
De porte atlético e bronzeado, o jovem licenciado em Marketing pela Universidade Lusófona, há 10 anos que junta «o útil ao agradável» no Algarve. Este ano tem a «profissão» de Relações Públicas numa discoteca badalada de Vilamoura e o objetivo é angariar clientes para aquele espaço noturno.
«Trabalho rodeado de bom ambiente e posso estar com os meus amigos», conta Alexandre, residente em Cascais, assegurando que com o ordenado deste verão vai realizar uma viagem de um mês ao Brasil.
Alexandre Paixão revela que com um bom desempenho pode-se chegar a ganhar «2.500 euros num mês ou até mais».
O seu trabalho principal é conquistar clientes para consumirem junto da sua equipa e a forma de recrutá-los é, por exemplo, oferecer bebidas, promoções em restaurantes e ginásios ou descontos em hotéis do Algarve.
Telmo, a frequentar o segundo ano do curso de Cinema e Comunicação na Universidade Lusófona, vai estar a «servir copos» numa discoteca em Vilamoura até 20 de agosto. O ordenado do trabalho de verão é para pagar as propinas do próximo ano letivo, garante.
Também a trabalhar numa discoteca de Vilamoura, a 'Bliss', está Adolfo Rodrigues, 27 anos, do Estoril, licenciado em Comunicação Empresarial e a tirar mestrado em 'Marketing Executive', em Barcelona (Espanha).
Vem para o Algarve trabalhar no Verão para coordenar uma das várias equipas de Relações Públicas (RP) que trabalham neste ramo.
«Liderança», «atingir objetivos», «desenvolver competências», «superação» ou «proactividade» são palavras constantes no discurso de Adolfo, enquanto vai enumerando as qualidades da equipa que coordena.
«Queremos ser, tal como nos outros anos, a equipa com melhores resultados e chegar ao maior número de pessoas», confidencia.
Para conseguir ser Relações Públicas nos espaços noturnos mais 'in' do Algarve é preciso ser «jovem», «comunicativo», «bonito» e ter «muito boa onda», explica Adolfo Rodrigues, com uma pulseira branca no pulso.
«Cada cor representa uma determinada zona do país. Por exemplo, a equipa azul é do Porto, laranja é Évora e a de cor branca é de Lisboa», exemplifica Adolfo Rodrigues.
Carin Jesus, 24 anos, é algarvia, reside em Lisboa onde frequenta um curso de Marketing, mas está a trabalhar no Algarve nos meses de verão como empregada de bar numa discoteca em Vilamoura.
«Aqui tenho a possibilidade de rever a minha família, ir à praia, aproveitar o bom clima e ainda fazer algum dinheiro», conta a jovem que com o vencimento de 1.500 euros por um mês de trabalho no Verão vai ajudar os pais a «pagar as despesas correntes em Lisboa».
Para Carin trabalhar à noite faz todo o sentido no verão.
«Acabo por conseguir conciliar momentos de lazer com o trabalho à noite. E assim não custa», observa, acrescentando que as manhãs servem para descansar do trabalho que pode ir até às seis da manhã.
Ao longo dos últimos cinco anos o mercado democratizou-se e a «onda» dos clubes e bares de praia e das festas ao pôr-do-sol, conjugadas com a animação noturna, veio para ficar.
«A concorrência é cada vez maior e as equipas de RP que trabalham nesses espaços também», observou o jovem Adolfo Rodrigues, referindo que os seus «discípulos» palmilham areais para prestar um «serviço mais personalizado»
É esse o caso de Lídia Fragoso, 20 anos, a cursar Gestão de Lazer e Animação Turística no Monte do Estoril, e uma das mais jovens da equipa de Relações Públicas que veio de Lisboa.
«É um trabalho que se faz bem, porque posso aliar férias, sol, diversão e amigos»esclarece, referindo que algum do dinheiro que vai ganhar este Verão é «para investir num mestrado».
A crise económica e financeira que o país atravessa não se faz notar nestes espaços da noite algarvia.
«As pessoas continuam a consumir e a gastar. E este ano talvez mais do que em 2010, porque optaram por fazer férias cá dentro e acabam por gastar o mesmo que gastariam com idas para o estrangeiro», analisa Alexandre Paixão.
Há espaços nocturnos que chegam a faturar, por noite, entre 50 e 60 mil euros.
fonte:Lusa/SOL