O presidente do conselho de administração da RTP, Alberto da Ponte, garante que até Maio se saberá se o canal público de televisão avança com um processo de despedimento colectivo. Em entrevista à Lusa, Alberto da Ponte referiu que está decisão "não pode passar de Maio" e sublinhou que "o despedimento colectivo é algo que nunca pode ser posto de parte".
O anterior Acordo de Empresa (AE) foi denunciado em Março de 2013, pelo que decorrem agora negociações para um novo e já está agendado um plenário para o próximo dia 9 de Abril. O presidente da RTP admitiu que se nas negociações do novo AE se chegar a acordo para se cortar nas regalias seria possível obter algumas poupanças. "Se houvesse um corte de regalias que considerasse razoável", a poupança pela via negocial poderia ascender a qualquer coisa "como seis a oito milhões de euros", revelou o gestor. Para a mesma fonte, se a RTP conseguir "poupar cerca de 24 mil euros por mês, estamos a impedir a saída de dez trabalhadores", pelo que reafirmou o apelo aos sindicatos "no sentido de irmos para uma revisão".
Alberto da ponte salientou que a estratégia para o canal de televisão está assente no Plano de Desenvolvimento e Redimensionamento aprovado pelo Governo que já está a dar resultados ao nível das audiências, inovação e "num esforço financeiro enorme que se traduziu numa poupança de quase 100 milhões de euros de custos em dois anos".
O gestor admitiu que o prazo do programa de rescisões terminou no passado dia 31 de Março, mas foi prolongado por mais uns dias porque houve colaboradores que se candidataram à última hora. Alberto da Ponte acredita que se consiga entre 20 a 30 rescisões, sendo que o "que seria expectável seria 50". Esta estimativa deixará a empresa aquém da redução de custos com pessoal desejável, avaliada em 23 milhões de euros.
Sobre a evolução da economia portuguesa, Alberto da Ponte sublinha que "é inegável que o País está a recuperar", cenário que se vê ao nível da melhoria do consumo privado e também do investimento publicitário. De acordo com a mesma fonte, nos dois primeiros meses de 2014, o mercado publicitário de televisão cresceu 6%, o que acontece "pela primeira vez desde há muito tempo", realçou Alberto da Ponte. Em 2013 a RTP registou 40,4 milhões de euros em receitas comerciais, sendo que para o corrente ano conta com um orçamento avaliado em 35 milhões de euros. Para este valor, Alberto da Ponte contabiliza já as eventuais receitas que irá obter através da realização, a partir de Junho, do Mundial de Futebol no Brasil.
Sobre a polémica em torno da medição de audiências pela GfK, o gestor disse que houve uma avaliação do sistema e a conclusão foi "que havia ainda passos a dar no sentido de tornar melhor" o painel. E acrescentou que "haverá um trabalho de cerca de três a quatro meses até que o painel possa ser considerado como totalmente representativo, mas estamos no bom caminho".
Quanto ao desempenho da RTP o presidente da empresa não tem dúvidas que "estamos no bom caminho" e lembrou que um dos objectivos estratégicos é obter 22% de 'share' até ao final do ano com os dois canais: RTP 1 e RTP 2. Nesta fase, já estão com cerca de 18%.
Na mesma entrevista, Alberto da Ponte defendeu que é necessário uma garantia do Estado de que a taxa de contribuição para o audiovisual seja aumentada de acordo com a inflação, já que "não prevejo, de modo algum, que as indemnizações compensatórias regressem".
Quanto ao novo contrato de concessão da RTP que a tutela já enviou à empresa, o gestor garantiu que está "a analisá-lo com muito cuidado", já que compromete não só o presente mas também os próximos 16 anos. Mas acredita que no início desta semana esteja em condições de entregar ao ministro-adjunto com a pasta da comunicação social, Poiares Maduro, "as poucas alterações que nós iremos fazer". Apesar de considerar que o documento "tem uma certa razoabilidade", o gestor refere que há "alguns pontos que devem ser modificados".
Em declarações à Lusa, Alberto da Ponte criticou o valor pago pelos operadores à Portugal Telecom referente à televisão digital terrestre. "É o mais alto da Europa", sendo que a factura da RTP ascende a cerca de 6,5 milhões de euros.
fonte:http://economico.sapo.pt/n